Dia 17 de Janeiro, moradores da freguesia da Bajouca, Leiria, juntamente com o presidente da Junta, Pedro Pedrosa (PS), o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes (PS), e a vereadora do Ambiente, Ana Esperança, participaram numa marcha pacífica contra a prospecção de gás na Bajouca.
Segundo Pedro Pedrosa, a população não vai deixar de lutar enquanto os contratos celebrados entre o Governo e a empresa australiana Australis não forem cancelados definitivamente. “Há o risco de contaminação do aquífero do Louriçal (concelho de Pombal); se isso suceder, vai afectar a população da Bajouca e de todo o concelho de Leiria”, alertou.
Adiantou que o estudo de impacto ambiental ainda não é conhecido, mas que a Australis afirma que os resultados devem ser anunciados no primeiro trimestre de 2020, e que está a decorrer um abaixo-assinado para que o assunto seja novamente debatido na Assembleia da República.
A marcha teve início na Junta de Freguesia e terminou no local onde a empresa Australis pretende efectuar trabalhos de prospecção, tendo demorado cerca de duas horas. A acção faz parte de um conjunto de iniciativas que a Junta de Freguesia da Bajouca está a desenvolver, no sentido de lutar contra a prospecção e exploração de gás, contando com o apoio de outras Juntas do concelho, da Câmara e Assembleias Municipais, bem como de diversas associações regionais.
Em Dezembro, o Município de Leiria aprovou, por unanimidade, uma moção contra a prospecção e exploração de gás, apelando ao Governo para que tome medidas com esse fim.
A autarquia lembrou que os dois contratos ainda em vigor entre o Governo e a Australis, “estão em contradição com a política energética que Portugal tem vindo a prosseguir na última década”. O Presidente da Câmara enviou uma carta ao ministro do Ambiente e Acção Climática, João Pedro Matos Fernandes, a pedir que revogue a concessão de exploração de gás natural atribuída à Australis.
No seguimento da primeira manifestação contra a prospecção de gás ocorrida em Julho, a Australis referiu que “sempre pretendeu dialogar e comunicar com as populações residentes nas freguesias e municípios e já realizou sessões públicas para apresentar o projeto”. A empresa “já investiu mais de 1,2 milhões de euros em estudos e trabalhos de engenharia para compreender as potenciais oportunidades de exploração das suas concessões”. Afirmou que não vai utilizar o método de fracturação hidráulica (fracking) mas sim “técnicas convencionais”, dizendo que “estas operações terão um impacto muito positivo junto das populações locais, com a criação de emprego e dinamização da economia local”.
A mobilização massiva da população e das instituições locais deixa, contudo, uma mensagem muito clara: não há espaço para diálogo sobre a exploração de gás na Bajouca, e este projecto não vai andar para a frente. Não há qualquer prova de que fosse trazer vantagens para a comunidade, sendo certo que iria trazer vários prejuízos. E para além disso, é uma solução de curto prazo, que tem como resultado directo o aumento de emissões de gases com efeito de estufa, reduzindo ainda mais o tempo que temos para travar a subida das temperaturas e o consequente caos climático. Gás não é uma solução, e o futuro das comunidades não será sacrificado ao serviço dos lucros de grandes empresas.