Podes encontrar o comunicado original AQUI.


Portugal é o 4.º país europeu mais pobre energeticamente, apenas atrás da Eslováquia, Hungria e Bulgária

Assinalando a Semana Internacional da Pobreza Energética (21 a 25 de fevereiro), sete grandes organizações da sociedade civil de toda a Europa, representando a grande maioria dos movimentos ambientais da Europa e entre os quais a ZERO, lançam um Manifesto de apelo à União Europeia (UE) para fornecer aquecimento renovável limpo para todos de forma a enfrentar a crise climática e evitar uma futura crise nos preços da energia (leia o Manifesto)[1].

Estima-se que 80 milhões de pessoas em toda a UE lutam para aquecer as suas casas neste inverno, devido ao forte aumento dos preços do gás e da energia, enquanto sete grandes empresas de combustíveis fósseis que operam na Europa faturaram quase 100 mil milhões de euros em 2021.[2]

Em Portugal, com um parque edificado obsoleto, em que 69,5% das habitações avaliadas tiveram uma classificação energética entre C e F (as classes de energia menos eficientes), 17,5% da população não tem possibilidade económica para aquecer a casa convenientemente. É, por isso, crucial reduzir a necessidade de energia através de melhorias na eficiência energética e assegurar a transição para aquecimento e refrigeração sustentáveis para combater as mudanças climáticas. As camadas mais vulneráveis ​​da nossa sociedade devem ser apoiadas neste abandono dos sistemas fósseis que têm alimentado a crise ambiental e a injustiça social.

É com este objetivo que é lançado o “Aquecimento Renovável para Todos”, um manifesto inédito da sociedade civil, assinado por uma forte coligação de grupos climáticos e ambientais, propondo três grandes medidas:

  • Abraçar a Poupança e a Suficiência Energética: A forma mais limpa e mais barata de energia é aquela que não utilizamos e precisamos que todos tenham a possibilidade de renovar as suas casas.
  • Rejeitar soluções falsas: Substituir o aquecimento alimentado por combustíveis fósseis por energias renováveis; a tecnologia existe e a descarbonização do aquecimento e da refrigeração pode agora depender totalmente de tecnologias já bem testadas, renováveis, sustentáveis e sem emissões.
  • Proteger os consumidores vulneráveis: Desviar os subsídios dos combustíveis fósseis para soluções de energias renováveis; apesar da sua maturidade, competitividade e potencial abundante, as barreiras que impedem milhões de lares de beneficiar das tecnologias de aquecimento e arrefecimento renováveis continuam a ser demasiado elevadas.

Em representação da coligação, Davide Sabbadin, Diretor Sénior de Políticas Climáticas e de Economia Circular do Escritório Ambiental Europeu (EEB), disse “As pessoas precisam de conseguir aquecer as suas casas sem aquecer o planeta. Mas os governos e a UE têm sido muito lentos em acabar com os subsídios aos combustíveis fósseis e transferir esse apoio para soluções de aquecimento sustentáveis e eficientes. Esta tem de se tornar uma das prioridades da UE nesta década. Soluções como redes de aquecimento urbano, usando energia renovável como geotérmica ou solar térmica, mas também bombas de calor a partir de eletricidade renovável, existem há muito tempo.”

A ZERO reforça que o futuro governo deve aprovar com a maior urgência uma Estratégia de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética e promover uma rápida transição para usarmos fontes renováveis para conseguirmos melhorar o conforto nas habitações. Francisco Ferreira, Presidente da ZERO, disse: “Já temos programas de apoio a edifícios mais sustentáveis que são necessários otimizar e é necessário operacionalizarmos a transição para equipamentos que não continuem a recorrer ao uso do gás, mas usem de forma eficiente a eletricidade de origem renovável.”

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