Redes Energéticas Nacionais (REN) é uma empresa 100% privada e um actor central nos sectores da eletricidade e do gás em Portugal.

A REN é a detentora da maioria da infraestrutura de gás fóssil: pontos de entrada em Portugal, armazenamento, transporte e distribuição.

Os seu planos actuais para expansão do Terminal de GNL em Sines e construção de novos gasodutos tornam-nos reféns de negócios caros e de longo-prazo e aprisionam-nos a infraestruturas de combustíveis fósseis. A expansão destas infraestruturas tem como único objetivo aumentar a curto prazo o lucro dos acionistas e como único fim uma catástrofe climática sem precedentes.

Continuar a importar gás fóssil é um crime contra a humanidade. A REN sabe isso e escolhe cometer este crime.

Para compreender um pouco melhor o foco actual da REN, olhemos para as empresas das quais a REN é proprietária:

  • REN Rede Elétrica Nacional, a única operadora do sistema de transporte de eletricidade em Portugal, cobrindo a totalidade do território continental e com interligações com a rede espanhola, REE – Red Eléctrica de España.
  • REN Trading, o segundo maior fornecedor grossista de eletricidade.
  • REN Gasodutos, que detém uma concessão para a gestão técnica do Sistema Nacional de Gás Natural (SNGN) com a responsabilidade de garantir a continuidade e segurança do fornecimento de gás e de manutenção e desenvolvimento do Sistema Nacional de Gás Natural. Opera assim a Rede Nacional de Transporte de Gás Natural (RNTGN) que assegura o encaminhamento do gás natural desde os pontos de entrada no gasoduto de alta pressão até aos pontos de saída que abastecem as redes de distribuição e os clientes ligados diretamente à alta pressão, sendo a única entidade concessionária de transporte de gás natural em Portugal e cobrindo a totalidade do território continental.
  • REN Portgás Distribuição, que centra a sua atividade no desenvolvimento e exploração da rede pública de distribuição de gás natural na região litoral norte de Portugal. Ao abrigo de um contrato de concessão celebrado com o Estado português até ao ano de 2048, esta é a segunda maior operadora de redes de distribuição de gás natural em Portugal, com cerca de 4.760 quilómetros.
  • REN Atlântico, que detém a concessão para a exploração do terminal de gás natural liquefeito (GNL) em Sines;
  • REN Armazenagem, que detém a concessão para a única instalação de armazenamento subterrâneo de gás natural em grande escala, no Carriço.
  • Enondas – Energia das Ondas. S.A., (capital social é integralmente detido pela REN), que detém a concessão para a exploração de uma zona piloto destinada à produção de energia elétrica a partir das ondas do mar.
  • RENTELECOM, no sector das telecomunicações, que inclui serviços diversificados, passando pelas infraestruturas, serviços geridos ou consultoria.

A REN está igualmente presente no Chile, onde adquiriu uma participação de 42,5% do capital social da Electrogas, sociedade chilena que detém um gasoduto de grande relevância na zona central do Chile e a totalidade do capital social da Transemel que opera 92 km de linhas de transporte de eletricidade e 5 subestações.

Torna-se assim claro o investimento da REN em Gás Fóssil.

Source: REN (2020b), Technical Data 2019,
https://www.centrodeinformacao.ren.pt/PT/InformacaoTecnica/DadosTecnicos/Dados%20T%C3%A9cnicos%20201 9.pdf.

Terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) em Sines

O terminal de GNL em Sines é a porta principal de gás fóssil em Portugal (90% em 2019). A recepção, armazenamento e regaseificação de GNL são concessionados à REN Atlântico.

O terminal tem uma capacidade de descarga de 10 000 metros cúbicos (cm) por hora e pode receber grandes navios com capacidades de GNL de 40 000-216 000 cm. O gás fóssil é descarregado dos barcos ainda em estado líquido e é colocado em camiões para transporte para outros locais em Portugal ou regaseificado (passando a estar no estado gasoso) e é depois comprimido e injectado na rede de transporte de gás.

É urgente e necessário o encerramento planeado e faseado deste Terminal, com um plano de transição justa, de acordo com os prazos ditados pela ciência climática, que seja alicerçado no diálogo social, e que privilegie os trabalhadores e as comunidades afetadas.

Ao invés disso, a REN, com o apoio do Governo, planeai expandir este terminal para aumentar o nível de importação!

Gasodutos

A rede nacional de transporte de gás fóssil de Portugal é operada pela REN Gasodutos, e abastece os principais centros populacionais, centrais eléctricas e instalações industriais. Esta é constituída por gasodutos principais e por ramais com um total de 1.375 quilómetros, bem como por 195 estações de gasodutos (84 estações de válvulas de seccionamento, 66 estações de derivação e 85 estações de regulação de pressão e medição e 2 estações de transferência de custódia).

Os pontos de entrada de gás fóssil são detidos pela REN e são:

  • o Terminal de GNL de Sines
  • duas interligações com a rede de gás natural de alta pressão espanhola:
    • Campo Maior, que é a interconexão primária, com a maior capacidade e a maior taxa de utilização. É utilizado principalmente para a importação de gás produzido na Argélia, que é transportado através de um gasoduto submarino para Espanha e depois através da rede espanhola de transporte de gás para Portugal.
    • Valença do Minho, que tem sido utilizada principalmente para o equilíbrio do sistema transfronteiriço e quantidades muito pequenas de importações e exportações.
  • a instalação de armazenamento subterrâneo do Carriço

A rede de transporte opera em alta pressão e é responsável por entregar o gás natural aos pontos de consumo em alta pressão tal como à rede de distribuição.

Por sua vez, a rede de distribuição é operada por 11 empresas privadas, a maioria detidas pela Galp ou REN, que asseguraram o trânsito do gás natural até aos pontos de consumo em média e baixa pressão. Esta rede recebe o gás quer através do sistema de transporte de gás quer através de entregas de camiões-cisterna de GNL a instalações de regaseificação por satélite.

Novos Gasodutos

Há anos que a REN insisti na construção de mais gasodutos.

No Plano de Desenvolvimento e Investimento da Rede Nacional de Gás Natural (2014 – 2023), prevê se a construção de uma 3ª interligação Portugal-Espanha. O plano faz parte de um plano maior, de interligar a península Ibérica com França. O percurso proposto pela empresa (REN) em Portugal passa por Celorico da Beira, Trancoso, Mêda, Vila Nova de Foz Côa, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Alfândega da Fé, Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Bragança e Vimioso. Este foi rejeitado por atravessar património mundial.

Em Junho de 2022 o consórcio H2 Green Valley, liderado pela REN, anunciou que vai investir 28,5 milhões de euros para construir em Sines, até 2025, os primeiros 10 quilómetros de um novo gasoduto, com o objetivo de transportar hidrogénio. É de notar que a tecnologia atual não permite nem está perto de permitir o transporte de hidrogénio por este meio. Devido à alta instabilidade do hidrogénio, este necessita sempre de ser misturado com gás fóssil. Assim, trata-se de mais uma tentativa de expansão do gás fóssil ao invés de uma aposta em energias renováveis, limpas e seguras.

A REN está a prender-nos ao gás fóssil, bloqueando uma real transição justa!