No dia que precede a acção de desobediência civil e a manifestação legal contra o furo de gás na Bajouca, o plenário especial: a luta contra o gás fóssil contou com activistas nacionais e internacionais no painel, evidenciando uma vez mais que a luta que travamos dentro e fora deste acampamento é uma luta única, partilhada e conectada por todo o mundo. A luta pela justiça climática, como o próprio clima, não conhece fronteiras.

Luís Fazendeiro, do Climáximo e Movimento do Centro contra a Exploração de Gás, recordou que o fracking (fracturação hidráulica, o método mais danoso para extracção de gás fóssil) não só está previsto no contrato de concessão à Australis como, devido às características geomorfológicas do terreno, será a única forma possível de extracção do gás. Assim, indica que as reivindicações mínimas são o cancelamento imediato dos dois furos de exploração de gás fóssil, na Bajouca e em Aljubarrota, dos contratos que os originaram, bem como a revogação da lei que os permitiu.

Noelie Audi-Dor, dos Gastivists, referiu as implicações que a exploração de gás tem para as populações, desde a frequência acrescida de sismos, aos contaminantes químicos de água e solos, aos impactos económicos e nos direitos humanos, mas recordou também que ninguém trava esta luta sozinho, temos e exercemos o direito de decidir sobre as nossas vidas.

Tiago Gil, do Movimento do Centro contra a Exploração de Gás frisou a sensação de falta de transparência de que tem padecido todo o processo, desde a assinatura de contratos de concessão 4 dias antes das eleições legislativas de 2015, à actual suspensão dos prazos contratuais.

Alfons Pérez, da ODG (Observatori del Deute en la Globalització) referiu os mitos em relação ao gás, publicitado como energia de transição ou amigo do ambiente sem considerar todo o processo, desde a exploração às perdas no transporte (a maioria do gás consumido na Europa é importado), que fazem com que muitas vezes o gás seja, na verdade, responsável por mais emissões de gases com efeito de estufa do que o carvão.

A crise climática que vivemos não é compatível nem com novas explorações de energias fósseis, nem com a perpetuação do sistema económico assente no extractivismo, nem com metas a longo prazo ou planos moderados de transição que garantem o caos climático como consequência. A emergência que a todos prejudica tem de ser tratada como tal, tem de ser resolvida nos próximos 10 anos, e os governos, com seus papéis assinados de intenções e compromissos curtos não são a resposta. A resposta passa pela mobilização popular em massa, num crescendo de protesto e de participação activa nas tomadas de decisões.

Durante o plenário fez-se saber que em 4 freguesias vizinhas da Bajouca, amanhã pelas 9 horas da manhã tocarão os sinos das igrejas, em apelo para que a população se junte à manifestação contra o gás fóssil e pela justiça climática. Reiteramos e expandimos este apelo: para mudar tudo, é precisa toda a gente.

Partilhamos o vídeo completo do plenário aqui.