Todo o gás fóssil que utilizamos é importado. Este chega até nós através do Porto de Sines e de 2 gasodutos de interligação com espanha: Campo Grande e Valença do Minho.

Nos últimos 25 anos a maioria do gás provinha da Argélia através destes gasodutos com Espanha. Contudo, nos últimos anos houve uma diversificação e aumento de importação via LNG vindo dos Estado Unidos e da Rússia e uma redução da aquisição via gasoduto. Em 2019 apenas 10% do gás fóssil importado chegou por esta via. A maioria deste é proveniente da Argélia (7,4%).

A maioria dos gasodutos faz parte da rede nacional de transporte de gás fóssil de Portugal, que é operada pela REN Gasodutos. É constituída por gasodutos principais e por ramais com um total de 1.375 quilómetros, bem como por 195 estações de gasodutos (84 estações de válvulas de seccionamento, 66 estações de derivação e 85 estações de regulação de pressão e medição e 2 estações de transferência de custódia).

Os pontos de entrada de gás fóssil nesta rede são detidos pela REN e são:

  • o Terminal de GNL de Sines
  • duas interligações com a rede de gás natural de alta pressão espanhola:
    • Campo Maior, que é a interconexão primária, com a maior capacidade e a maior taxa de utilização. É utilizado principalmente para a importação de gás produzido na Argélia, que é transportado através de um gasoduto submarino para Espanha e depois através da rede espanhola de transporte de gás para Portugal.
    • Valença do Minho, que tem sido utilizada principalmente para o equilíbrio do sistema transfronteiriço e quantidades muito pequenas de importações e exportações.
  • a instalação de armazenamento subterrâneo do Carriço

A rede nacional de transporte de gás fóssil de Portugal opera em alta pressão e é responsável por entregar o gás fóssil aos pontos de consumo em alta pressão – centrais eléctricas e instalações industriais – e à rede de distribuição – que, por sua vez, abastece os principais centros populacionais. Por sua vez, a rede de distribuição é operada por 11 empresas privadas, a maioria detidas pela Galp ou REN, que asseguraram o trânsito do gás natural até aos pontos de consumo em média e baixa pressão. Esta rede recebe o gás quer através dos gasodutos da rede de transporte, quer através de entregas de camiões-cisterna de GNL em instalações de regaseificação.

Source: REN (2020b), Technical Data 2019,
https://www.centrodeinformacao.ren.pt/PT/InformacaoTecnica/DadosTecnicos/Dados%20T%C3%A9cnicos%20201 9.pdf.

Novos Gasodutos

O Plano de Desenvolvimento e Investimento da Rede Nacional de Gás Natural (2014 – 2023), prevê a construção de uma 3ª interligação Portugal-Espanha. O plano faz parte de um plano maior, de interligar a península Ibérica com França.

Descobre porque é que nos opomos aos planos actuais para um novo gasoduto nos seguintes comunicados

Tentativas anteriores

Esse gasoduto teve inicialmente o nome de MidCat e iria atravessar os Pirinéus. A ligação entre Espanha e França foi recusada pelo regulador espanhol dos mercados e concorrência (CNMC) e pelo regulador francês de energia (CRE). A ligação entre Portugal e Espanha foi recusada por atravessar património mundial.. O percurso proposto pela empresa (REN) em Portugal passa por Celorico da Beira, Trancoso, Mêda, Vila Nova de Foz Côa, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Alfândega da Fé, Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Bragança e Vimioso.


O governo português insiste na aposta de Portugal como porta de entrada de gás para a Europa. Isto implicaria não só novos gasodutos em Portugal e Espanha, como uma expansão do Terminal de GNL em Sines.

Estas escolhas, mascaradas como transição, não são mais do que a tentativa da indústria fóssil de aumentar os seus lucros, prendendo-nos a infraestruturas ociosas. É a demonstração da incapacidade dos governos e empresas fósseis de resolver ou deixar resolver a crise climática.