A Energias de Portugal (EDP), uma empresa 100% privada, é uma das principais importadoras de gás “natural” em Portugal, e uma das principais responsáveis pela produção de eletricidade a partir de gás fóssil. Esta empresa tem investido numa série de políticas de greenwashing e whitewashing, publicitando o gás como uma solução ecológica.
EDP e Gás
Segundo os dados publicados pela GIIGNL, a associação internacional de importadores de GNL, a EDP tem desde 2003 um contrato de 0,74 milhões de toneladas por ano para importar GNL de Point Fortin, em Trinidad e Tobago, válido até 2023. Adicionalmente, também adquire GNL nos EUA à norte-americana Cheniere, e, em 2014, comprometeu-se a adquirir GNL por 20 anos (a começar em 2020) ao ritmo anual de mil milhões de metros cúbicos (1 BCM) de gás proveniente de um projeto da Cheniere no Texas.
A EDP está a prender-nos à queima de combustíveis fósseis. Esta não está a contribuir para uma transição energética, quanto mais uma transição justa.
A elétrica portuguesa usa o gás fóssil quer para abastecer os seus clientes directamente, tendo fornecido a 55% dos consumidores finais em outubro de 2020, quer para as suas centrais de ciclo combinado alimentadas a gás (que operam em Portugal e em Espanha).
EDP e Eletricidade
A EDP detém a maioria da capacidade de produção de eletricidade instalada em Portugal, sendo a proprietária de 2 centrais de produção de eletricidade através de gás – a Central Termoelétrica do Ribatejo e a Central Termoelétrica de Lares. Estas centrais pertencem ao TOP10 das infraestruturas mais emissores de gases de efeito de estufa em Portugal.
Ambas as centrais iniciaram a sua atividade há menos de 20 anos, altura em que a EDP já sabia da existência da crise climática, do impacto da queima de gás fóssil e da urgência de transitar para energia 100% renovável.
A EDP é proprietária da E-REDES, a único operador da rede de distribuição para alta e média tensão, e detém concessões ou licenças de exploração da maioria dos sistemas de distribuição de baixa tensão.
A EDP é de longe o principal fornecedor de electricidade ao consumidor final, representando 66% dos consumidores e 39% do fornecimento. É de notar que, em 2019, apenas quatro empresas (EDP, Endesa, Iberdrola e Galp) representavam 77% do fornecimento a retalho e 80% dos consumidores. Adicionalmente, a EDP detém igualmente a SU Eletricidade (antiga EDP Serviço Universal), que é o principal fornecedor de último recurso responsável pela oferta da tarifa regulada de electricidade.
A EDP coloca o sua lucro à frente da vida, continuam não só a importar gás fóssil como a contribuir para a pobreza energética em Portugal ao continuamente colocar os interesses dos acionistas da EDP acima das necessidades das pessoas.
EDP e Transição
A EDP apresentar gás fóssil com uma solução de transição. Sabemos que gás fóssil bloqueia-nos de uma real transição. Sabemos que a EDP está a apostar numa expansão energética ao invés de uma transição. Sabemos que a EDP não agiu há 20 anos e continua a não agir agora. Sabemos que a EDP encerrou a central a carvão por já não serem lucrativa e sem qualquer plano de transição justa.
Deste modo, não é possível acreditar na tentativa de desresponsabilização e engano da EDP ao dizer que está a fazer uma transição.
É urgente o encerramento faseado de todas as infraestruturas existentes de produção de eletricidade a partir de gás fóssil, com uma transição justa que garanta a formação e requalificação profissional dos trabalhadores, liderada pela sociedade civil, pelas populações e pelos trabalhadores.