No dia 15 de abril, o Ministério do Ambiente e Transição Energética vai organizar uma sessão especial, integrada na European Climate Summit que vai ter lugar no Four Seasons Hotel em Lisboa.
Esta cimeira é organizada por The International Emissions Trading Association (IETA), uma associação empresarial que tem como membros a BP, BNP Paribas, Iberdrola, Naturgy, Petrochina, Repsol, Shell, Total, TransCanada e Vattenfall. Percebemos perfeitamente porque é que as empresas mais responsáveis pela crise climática querem organizar encontros com preço de entrada de €670 para o público geral, onde discutiriam como lavar as suas imagens promovendo falsas soluções como o comércio das emissões de carbono.
Em primeiro lugar, o mercado de carbono existe há décadas e as emissões não só continuam a aumentar mas estão a também acelerar. No entanto, as empresas envolvidas neste negócio têm feito muito dinheiro – que sempre foi o objetivo principal destes mecanismos.
Em segundo lugar, todas as empresas acima mencionadas têm novos projetos de combustíveis fósseis, sejam de gasodutos, oleodutos, expansão das minas de carvão, ou de furos de petróleo e gás. As contas são simples: As infraestruturas já existentes são mais que suficientes para ultrapassar 2ºC de aquecimento global. Algumas destas empresas comprometem-se com o encerramento de qualquer infraestrutura sua de combustíveis fósseis e para o cancelamento de todos os novos projetos? Não. Pelo contrário, pretendem iniciar novos projectos de combustíveis fósseis para continuarem a perpetuar o seu lucro à custa do clima, que é de todos!
Em terceiro lugar, qual é o papel do Ministério do Ambiente e Transição Energética neste evento? Se houvesse políticas compatíveis com a ciência climática, havia uma redução de 2.2 biliões de dólares de investimento nos combustíveis fósseis por causa dos ativos encalhados (stranded assets). Por exemplo, a Shell perderia 70 mil milhões de dólares de investimento. Os representantes do Ministério vão explicar à indústria que o seu fim chegou? Vão divulgar que os furos de gás na zona centro estão cancelados? Vão divulgar que desistem da construção do gasoduto de 160 km entre Guarda e Bragança? Também não. Vão apenas garantir que os lucros, e o consequente crime climático, destas empresas continuam a obter financiamento público e a concordância das instituições públicas. Não podemos continuar a viabilizar uma indústria obsoleta com subsídios públicos. Não podemos começar novos projectos de combustíveis fósseis. Nem aqui, nem em lado nenhum.
Denunciamos esta cimeira europeia contra o clima. Denunciamos a ligação orgânica entre a indústria de combustíveis fósseis e o governo.
A atitude face aos combustíveis fósseis passa pelo combate e não compactuação, por isso convocamos um Acampamento de Ação contra Gás Fóssil e pela Justiça Climática nos dias 17-21 de julho, na Bajouca, onde está agendado um furo de gás para este ano.