A Agência Espacial Europeia (ESA) publicou a dia 4 de Maio no seu site, um artigo de nome “Mapeando emissões de metano à escala global”, que explica que “Uma importante nova ferramenta para combater as alterações climáticas está agora disponível. Usando dados do satélite Copernicus Sentinel-5P, esta nova tecnologia permite rastrear e atribuir emissões por todo o mundo.

O artigo explica que “o metano é o segundo mais importante gás com efeito de estufa, e a sua concentração está atualmente a aumentar a uma taxa de cerca de 1% ao ano. Este efetivamente absorve o calor do sol, em maior quantidade que o dióxido de carbono, e contribuiu significativamente para o aquecimento da atmosfera. Como resultado, há uma necessidade crescente de rastrear e regular as emissões de metano.”

“Os estudos realizados mostraram que, qualquer que seja o momento observado, existem cerca de 100 fugas de metano com alto volume de emissão a acontecer a nível global. Aproximadamente 50% destas emissões são originárias de regiões com atividade em petróleo e gás, mineração de carvão e outras indústrias pesadas.” “Isto significa que estes setores emitem uma quantidade de metano equivalente às emissões anuais de dióxido de carbono da Alemanha e da França combinadas.”

Josef Aschbacher, diretor dos Programas de Observação da Terra da ESA, disse: “No setor público, o uso dos dados recolhidos sobre as emissões de metano, em vezes das suposições não testadas sobre a intensidade de metano, melhorarão a precisão dos inventários anuais de emissões de gases com efeito de estufa. Para governos e reguladores, esta tecnologia permitirá melhores decisões sobre políticas de energia se estes puderem estabelecer uma linha de base para as emissões de metanos e monitorar mudanças na intensidade do carbono à medida que estas ocorrem. Na indústria de petróleo e gás, empresas que empresas que sejam pró-ativas na medição das emissões de metano e a mitigarem as suas causas, serão provavelmente recompensadas pelo mercado com bases de investidores mais profundas, menores custos de capital, maiores receitas, e preço das ações mais elevados. Esta tecnologia também fornece aos investidores uma ferramenta para verificação independente da pegada das empresas e facilita o envolvimento numa estratégia de mitigação em colaboração com a equipa de gestão. Os investidores podem também agora medir a intensidade de metano dos produtores e consumidores de energias, para fins de triagem.”

Antoine Rostand, CEO da Kayrros, start-up responsável por esta tecnologia, acrescenta: “A combinação das imagens de satélite do Copernicus Sentinel-5P e da tecnologia da Kayrros criou pela primeira vez a capacidade de atribuir e rastrear vazamentos fugas individuais de metano. Juntos estamos a mostrar que a Europa e a ESA são pioneiras em novas técnicas na luta global contra as alterações climáticas.”

A liderança Europeia no combate às alterações climáticas, quando, ao mesmo tempo, a ESA recomenda o uso desta tecnologia como instrumento para escolha, por parte dos investidores, das empresas do setor fóssil mais pró-ativas na medição e mitigação das emissões de metano, dizendo que estas serão desta forma recompensadas pelo mercado, é claramente incoerente. Esta apologia vai de acordo com o facto de neste momento existirem 55 novas propostas de projetos para infraestruturas de gás fóssil na Europa. Torna-se claro que há uma insistência na indústria fóssil, mascarada de investimento “verde”, em vez de criação de um real plano de transição energética, que vá de encontro com as metas estabelecidas para evitar uma catástrofe climática. Um artigo publicado a 22 de abril na Science News denunciou que na Bacia Permian, nos EUA, as fugas de metano são de mais te metade do que o previamente pensado.

Esta é uma vasta região de produção de petróleo e gás natural, onde a ESA mediu no espaço de um ano (março de 2018 a março de 2019), emissões de 2.7 tetragramas de metano, número bastante superior ao estimado de 1.2 tetragramas por ano. Assim sendo, o metano emitido nestas fugas representa 3.7% do volume total de gás natural extraído nesta região (sendo esta taxa a maior já alguma vez medida nos EUA, e 60% mais elevada que a taxa de fuga a nível nacional).

Os dados estão já disponíveis, falta apenas vontade política! Este tipo de avanço tecnológico deve servir para desmascarar a hipocrisia dos governos que dizem estar ativos no combate às alterações climáticas enquanto continuam investindo em gás “natural”.  É essencial impedir qualquer investimento na indústria fóssil, enquanto se assegura uma transição justa para energias limpas, e democratização energética.

Desde os perigos para a saúde e subsistências das populações que habitam em regiões de extração e destruição de ecossistemas, à alta ineficiência do processo de extração, produção, transporte, e utilização, com consequente emissão de altos volumes de metano, que acarretam consequências a nível global, a falsa promessa de gás “natural” como solução e alternativa sustentável torna-se cada vez mais clara. Qualquer investimento no setor fóssil só atrasará a transição energética necessária, sendo esta urgente e inevitável se queremos evitar o colapso climático.      

Fonte: www.esa.int

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