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ZERO identifica as principais mudanças nas emissões de gases com efeito de estufa entre 2020 e 2021 das dez instalações industriais portuguesas que mais contribuem para as alterações climáticas

A ZERO recorreu aos dados recentemente disponibilizados pelo registo de emissões associado ao Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE) (https://ec.europa.eu/clima/policies/ets/registry_en#tab-0-1) para efetuar uma seriação das instalações/empresas mais poluentes de Portugal em 2021 no que respeita às emissões de dióxido de carbono, principal gás de efeito de estufa causador das alterações climáticas.

O Comércio Europeu de Licenças de Emissão integra as principais unidades de setores fortemente emissores de emissões de carbono, nomeadamente centrais térmicas, refinação, cimento, pasta de papel, vidro, entre outras. Em Portugal, há 211 unidades que estão integradas no CELE. No caso das centrais térmicas utilizando combustíveis fósseis, todas as licenças de emissão têm de ser adquiridas (compradas em leilão), enquanto noutros setores uma grande parte das licenças é oferecida gratuitamente e a restante tem de ser adquirida. O custo da tonelada de dióxido de carbono atingiu um recente máximo absoluto de 97 Euros no passado dia 7 de fevereiro de 2022, estando atualmente nos 83 Euros.

Entre 2020 e 2021, a seriação entre os maiores emissores sofreu mudanças significativas:

  • a dominância, pelo segundo ano consecutivo, da Refinaria de Sines da PETROGAL como a instalação mais poluente e com uma variação positiva (aumento de emissões) de 2,4% entre 2020 e 2021;
  • o fim do uso do carvão na produção de eletricidade em 2021, com a saída da Central Térmica de Sines das dez unidades mais poluentes, já que não teve quaisquer emissões no ano passado;
  • a saída da Refinaria do Porto do ranking das dez unidades mais poluentes por ter parado a sua atividade no primeiro semestre de 2021;
  • a subida de cinco posições e mais que duplicação das emissões da Central Térmica do Pego a carvão (TEJO ENERGIA) que teve de queimar o carvão que tinha em stock para parar a sua atividade em novembro de 2021;
  • uma redução da atividade económica de algumas empresas em 2021 associada ao impacte da pandemia com reflexo nas emissões.

Em 2021, o top 10 é assim dominado pelo setor da refinação, produção eletricidade a partir da queima de gás natural, setor cimenteiro, produção de olefinas e ainda a produção de eletricidade no Pego recorrendo a carvão mas pela necessidade de queimar o combustível sobrante antes do encerramento.

Um outro aspeto importante é o facto do total das dez unidades com maiores emissões poluentes ter decrescido 14% entre 2020 e 2021 (de 12,1 para 10,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono).

A maior subida no ranking entre 2020 e 2021, para além da Central Térmica a carvão do Pego por circunstâncias especiais já mencionadas, foi da Fábrica da SECIL no Outão, com um aumento de emissões de 6,3%.

Num futuro próximo, tudo indica que continuarão a ser as centrais de ciclo combinado a gás natural, a refinaria de Sines, o setor cimenteiro e o setor petroquímico que dominarão a seriação das unidades empresariais maiores emissoras de dióxido de carbono.

Este acompanhamento da ZERO enquadra-se no trabalho do projeto LIFE Emissions Trading Extra (ETX) financiado pela Comissão Europeia que promove uma participação mais abrangente da sociedade civil nos processos de tomada de decisão e monitorização, a par com uma maior colaboração internacional para garantir que o Comércio Europeu de Licenças de Emissão favorece o clima e as pessoas.

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