O roteiro de ação climática da UE tomou forma nas declarações recentes de duas grandes instituições europeias:

 

  • o Banco Europeu de Investimento (BEI), que anunciou no final de 2019 o fim próximo do seu apoio aos combustíveis fósseis;
  • e a Comissão Europeia, que anunciou um Green Deal europeu, com vista a criar uma UE neutra em carbono até 2050.

 

A confiar nestes planos, a procura de gás deveria cair quase 30% até 2030 em comparação com os níveis de 2015.

Contudo, continuam elegíveis para financiamento pelo BEI 32 projetos de gás, que seriam tornados obsoletos no cenário de uma transição para energias mais limpas, com o risco de um desperdício de 29 biliões de euros. Pior, eles arriscam “bloquear o nosso sistema energético numa dependência de gás fóssil pelos próximos 40 anos ”, como afirmou Claude Turmes, Ministro da Energia do Luxemburgo.

Reuters/Eric Vidal

Um relatório da consultora Artelys noticiado em The Guardian adverte que a Commisão Europeia sobrestimou as infraestruturas de gás necessárias, que na Europa são já suficientes para suprir a procura futura no continente, mesmo considerando a possibilidade de interrupções no fornecimento.

Esta análise torna clara duas graves lacunas nas políticas europeias: entre discursos de neutralidade carbónica por um lado, e financiamento ao gás fóssil por outro; e acima de tudo entre os roteiros oficiais e a realidade científica. Estas políticas arriscam trancar-nos num curso de várias décadas de emissões fósseis que alimentam a crise climática.

O gás fóssil não pode ser parte de um plano de transição energética sério e alinhado com as metas da ciência.

Para saber mais, vê este pequeno vídeo.

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