Com o lançamento no terreno da tecnologia de Fracturação Hidraulica em 2007, patenteada pela Halliburton (USA) de Dick Cheney, ex vice-presidente dos EUA, o início do fracking (extracção de gás natural através de métodos não convencionais, nomeadamente Fracturação Hidráulica) e o capital necessário para se expandir em 2012, é lançada uma campanha pelos EUA que inicia o ataque a áreas no resto do mundo, controlando a tecnologia, a economia do gás e a geopolítica mundial.

Foi assim que Portugal entrou nos novos países com reservas de hidrocarbonetos, agora possíveis de extrair com métodos economicamente viáveis. Mas Portugal é raia miúda, migalhas económicas deixadas para aventureiros como a Mohave Oil and Gas que apresentou falência, e que esteve 20 anos em Portugal, e a Australis Oil and Gas que seguiu os seus trabalhos e espera conseguir furar e ficar em Portugal iniciando a extração de gás abrindo portas a novos investimentos.

A Mohave realizou dezenas de furos de teste, mas a Australis pretende iniciar os furos de prospeção e extração de gás, mas como todas as outras que tentaram antes de si quer em terra ou no mar foi impedida de o realizar livremente, e outras simplesmente abandonaram as concessões para se concentrarem noutras áreas do mundo depois da resistência das populações locais, campanhas de ONG’s, acompanhadas com pressão política e legal conseguindo-se que hoje (Março de 2020) não exista nenhum furo com extração comercial ou outra.

A Europa diz precisar que os países europeus furem para conhecer as suas riquezas minerais, com especial relevância o gás natural, chave da independência energética da Europa dos actuais fornecedores, Rússia, África e recentemente os EUA. Ou para não ficar à mercê de grandes investidores na indústria do gás como a China.

Ao mesmo tempo, a Europa apoia e financia a prospeção e extração de gás noutros continentes para assinar contractos de fornecimento de gás até 2050, curiosamente, a mesma data que a UE diz poder deixar as suas reservas de gás debaixo do solo e a data de cálculo para as alterações climáticas, da qual é a maior representante e defensora.

Portugal contra os furos. 

Em Portugal tem-se comemorado vitórias, e sim melhor sem furos do que com mais furos. Mas que conseguimos na verdade? Defender o que é nosso? O Algarve, os aquíferos, a localidade, a costa portuguesa? Sim, evidentemente, no imediato. Mas, o que é nosso?

Em 5 anos, as concessões no mar desapareceram, em terra, das dezenas que já existiram restam duas, na zona centro, as concessões da Batalha e Pombal, que apresentaram o início dos trabalhos para 2020, fazendo de Portugal um dos dois países da Europa com concessões activas, o outro é Espanha, outro dos locais com avanços e recuos é o Reino Unido. A França, proibiu o fracking, mas apresenta-se como o centro logístico do armazenamento de gás importado para a Europa e ao contrário dos outros países europeus, tem a energia nuclear para ser independente energicamente. A Alemanha, Holanda e Itália, cancelaram as concessões até novos estudos…

Mas enquanto nos concentramos no que pensamos ser o que é nosso, esquecemos que nosso é muito mais do que aquilo que olhamos, sentimos, consumimos, nos dizem ou está escrito… Nosso é a poluição, a violação dos direitos humanos, nosso é o mundo e se não o olharmos de igual, os refugiados da Europa para a Europa ou América, do Continente Americano para a Europa, da Ásia para a Europa, de África para o  mundo, do Médio Oriente para o desespero e morte enquanto são traçados gasodutos, desenhadas fábricas de GNL (Gás Natural Liquefeito), reservadas áreas para extração que vão apagando as pegadas de milhares de famílias até à fronteira onde só passam as máquinas e produtos, a poluição vai crescer e nenhuma máquina, lei, ONG ou movimento popular vai conseguir ganhar às petrolíferas se no final a necessidade de energia e crescimento económico continuar para alimentar hierarquias físicas ou imaginárias. Nosso é o futuro do mundo, de todo o mundo!

A Europa e o Ocidente que gerem o passado, o presente e continua a impor-se  para gerir o futuro, são senhores das direções para o novo milennium, escolhem os problemas e as soluções. As noticias favorecem o seu interesse, como se fosse o interesse de todos para manter o conforto da democracia representativa, a segurança na economia, e a imagem higienizada das cidades para afastar o medo, mantendo o feio, o negro, o instável, a verdade para lá dos muros, cercas, fronteiras… Para lá do medo. O que a Europa das terras de onde vieram os refugiados e imigrantes consegue extrair, transformar e transportar, recolhe para si, e o que deixa para trás fica silenciado nos campos de refugiados onde as vozes vão gritando: O Nosso Medo é o Vosso Medo!

A Europa Consciente e Verde, livre de furos, pode estar na verdade a usar o medo para que nos concentremos em só em nós e no que é nosso e não olhemos aos outros. Mas as evidencias estão às vistas, ao alcance do coração e da análise racional. As alterações climáticas, onde não é necessária ciência, pois quem viveu as 4 estações do ano sabe que algo mudou, a falta de andorinhas ou de pirilampos ou o desaparecimento de praias são hoje uma prova que algo mudou e se num local da Terra as coisas não estão bem e não forem apoiados globalmente numa solução, mais tarde, todos pelo mundo saberão que não existe Eles e Nós, ao contrário do que nos dizem. A acidificação oceânica atinge-nos a todos, com o preço dos alimentos do mar a subir, o fim dos cardumes selvagens, a extinção de espécies. As guerras atingem-nos a todos, a exploração de países em desenvolvimento atinge-nos a todos, a violência religiosa atinge-nos a todos, a geopolítica atinge-nos a todos. A produção animal presenteia-nos com o vírus Corona desde os anos 80, mas em 2020 parece não termos evoluído como espécie. 

Num mundo de líderes, culpados, perdoados e derrotados, vitoriosos e seguidores a hierarquização dos bons e maus é escrita, por tradição, pelos vencedores. Na Europa a indústria petrolífera está a perder furos, mas continua a conseguir produto noutros locais do mundo. Muitas das empresas que pareciam sair daqui sem nada foram para locais com menos problemáticas comerciais, mais facilitismo, menos poder popular, mais militarização, mais necessidade, mais desconhecimento, tratando os povos de países como aldeões de uma localidade em Portugal, como coitados, incultos, necessitados ou adversários identificados.

De que vale proteger só o que é nosso, se depois quem ficou sem nada ou mesmo que já tem tudo vai desejá-lo!

Algumas das petrolíferas que estiveram no offshore português passaram a ir realizar o que não conseguiram por cá, em África, onde uma das ex-colónias portuguesas está na frente da corrida à economia do gás: Moçambique. Estas empresas deixaram de ameaçar a costa portuguesa, mas continuam a ameaçar o mar. Deixaram de colocar Portugal nos países que alimentam os gases com efeito de estufa através da extração de hidrocarbonetos, para deixar o papel de mau a um país em desenvolvimento. Moçambique não é o único, todos conhecemos a história de Angola, EUA, e petróleo que dura à mais de 50 anos, a historia da Nigéria e do seu povo que tentou avisar o ocidente do impacto nocivo das petrolíferas, acabando em massacre, com a Shelldepois de anos em tribunal aceitar pagar milhões pela culpa na morte de lideres tribais condenados à forca pelo governo nigeriano por incentivo à rebeldia, ou a ocupação em 2013 de uma refinaria na Argélia (fornecedor de gás à Europa) . Mas novos países africanos estão na mira da indústria do gás, países como Gana, Senegal, etc…

Foto: uma plataforma de perfuração em atividade perto de Vilanculos

 

África! E a Solução Ocidental.

África, continente de países em desenvolvimento, de onde se extraiu a mão de obra, matéria-prima e território para chegarmos ao estatuto de Países desenvolvidos. Hoje o impacto desse crescimento, deixou de estar lá longe, nas águas que não bebemos, no ar que não respiramos, na comida que não comemos, na insegurança que não sentimos, na violência que não reconhecemos, no desespero dos que não ouvimos. As concessões para hidrocarbonetos ameaçam a costa portuguesa, o fracking ameaça com pedidos de furos para gás, a indústria da mineração e as necessidades futuras exigem poder explorar, a indústria da agricultura intensiva e produção animal ameaça a qualidade e quantidade de água disponível, o eucalipto invade os solos e a economia, e o turismo de luxo é um prémio para os vencedores. O impacto desse crescimento atinge principalmente a consciência ocidental, porque é impensável que um governo deixe companhias estrangeiras vir furar e pôr em perigo as nossas famílias, contaminar as nossas águas, estragar as nossas terras e poluir o ar (que é de todos), e que com as evidencias cientificas e com testemunhos reais e também actuais (vitimas no ocidente) continue a apoiar industrias que ameaçam a vida como a conhecemos.

Procuram-se líderes como Bill Gates, Al Gore, Obama, Di Caprios, Elon Musk, Greta, Manzarra, ou filantrópicos como Rockfeller, Gulbenkian, George Soros, Jeff Bezos, por ai fora… que raramente vão fazer ouvir as vozes de quem grita: O Nosso Medo é o Vosso Medo. Podemos ser vários povos, ter vários costumes, várias tradições, várias filosofias, várias crenças, mas não estamos separados, o Mundo é uma comunidade interespecista, intercultural e enquanto não o tratarmos como tal, um todo, uma só comunidade, as dificuldades criadas por nós voltarão sempre contra nós.

África que devido à sua fauna e flora e conhecimentos culturais ancestrais é dos melhores locais para se iniciar uma alteração no modo como se pretende sustentar a espécie humana no futuro, está assinalada pela economia global como local de extração e contaminação para o crescimento necessário da segurança do Ocidente. Por este caminho, a Europa dos carros elétricos, da energia solar, da política verde, em 2050 pode apontar o dedo aos governos africanos pelo não cumprimento das metas da UE através das COP (Conferencias do Clima), como agora se aponta à China pela poluição ou pelo Corona Virus, e não se aponta na violação dos direitos humanos que dura à décadas, nem ao sistema monetário internacional que se sustenta de produtores como a China, de consumidores como os EUA e de clientes dos países desenvolvidos.

Os países colonizadores retiraram o exército, os governadores, os juízes, o dinheiro, a ajuda, mas deixaram a ideia de que continuavam a ser necessários para o desenvolvimento de África. E até hoje empresas dos países colonizadores invadem constantemente, de várias formas, o continente africanosempre com o mesmo resultado, desespero para os locais, riqueza para os investidores, impacto em todo o mundo. A corrida ao progresso começa a não conseguir esconder as suas consequências, hoje exemplificada pelo vírus Covid-19 (A 7ª estirpe identificada do Vírus Corona), que diz respeito a todos, ao contrário do Ébola, do HIV, da Malária e de outras dezenas de epidemias que se espalham pelos países explorados e abandonados ás consequências.A fome em países exportadores de alimentos para os supermercados, ou a miséria e repressão de onde se extraem minérios e mão de obra barata, países nada preparados para lidar com o Vírus Corona que começa a espalhar-se descontroladamente no continente africano, de que sofrerão primeiro?

A indústria petrolífera é um sintoma da Globalização Económica e o principal combustível de 99% dos problemas globais. Nos outros 1% estão normalmente, na frente, os representantes das soluções (ocidentais).

Moçambique & Povos Africanos

Depois de vários testes de empresas em 2004, 2010 e em 2012, Moçambique em semelhança com Portugal e Espanha recebem a notícia que podem ser ricos em gás natural. País cobiçado pelos grupos internacionais de interesse no gás, um dos quais a ENI, que também esteve no offshore português, está também no consorcio responsável pela descoberta mais recente em Moçambique. A ENI, juntou-se à Royal Dutch Shell, ao comprar a empresa Cove Energy que já efetuava prospeção de hidrocarbonetos em Moçambique. A estas duas juntaram se as principais mentoras do projecto gás natural através de fracturação hidráulica, a Halliburton – que patenteou a tecnologia do fracking e criou uma rede de negócios em redor do seu produto, e a Schlumberger, na área da logística. Mesmo antes de começarem as explorações, a informação é que os biliões de m3 de gás seria maioritariamente para exportação dos grandes mercados – Ocidente.

Juntamente aos locais de perfuração, é necessária uma fábrica de liquefação, um terminal de exportação e gasodutos. Para adoçar a classe política moçambicana, a economia americana, principal interessada no avanço da extração de gás começou a dar a Moçambique mais importância devido à norte americana Anadarko Petroleum que descobriu a maior reserva de gás no país, prometendo um crescimento económico de 8% ao ano, se o país desenvolver a exploração de minérios. A Anadarko anunciou a descoberta de 20 triliões de pés cúbicos de gás com o potencial de 45 triliões no poço Golfinho, a 14 km da costa da província de Cabo Delgado. Esta descoberta veio-se juntar aos 17- 35 triliões de pés cúbicos do complexo Prosperidade, e às concessões Orca, Atum, Linguado, onde as empresas esperam encontrar as maiores reservas do continente. Ainda, em 2012, a ENI anuncia novas descobertas em águas profundas, na bacia do Royuma, estimadas em 7 a 10 biliões de pés cúbicos de gás no furo Coral, área 4, juntando às descobertas da Anadarko são 100 biliões de pés cúbicos só na bacia Royuma junto à fronteira com a Tanzânia, que já estava no segundo lugar, atrás de Moçambique, nos países do leste africano ricos em gás, depois da descoberta de 5 triliões de pés cúbicos de gás pela Statoil e a Norueguez.

À semelhança de Portugal os grandes passos foram iniciados em 2006/07; 2010 e 2012. Mas, nos anos seguintes ao contrário de Portugal e outros países ocidentais onde as empresas abandonaram por iniciativa própria ou por pressão popular e política, em Moçambique e noutros países africanos em desenvolvimento as coisas andaram mais depressa e nos anos em que em Portugal a luta contra os furos estava e está favorável, em África acelera-se a todo o gás a caminho da exploração.O estado Moçambicano lançou concurso para concessões em 2018 que a Anadarko aproveitou para realizar o primeiro furo, e em 2019 a ExxonMobil lançou um concurso para serviços de perfuração em águas ultra profundas (deep offshore), depois do Instituto Nacional de Petróleo de Moçambique ter assinado um contracto de aquisição de dados Sísmicos Multicliente com a empresa francesa CGG em 2017. A Exxon espera a decisão se terá de ir a consulta publica ou a estudo de impacte ambiental.

A exploração de gás em Moçambique não é nova, o Projecto de gás natural de Pande e Temane, na província de Inhambane, é de 2004 e em 2010com a descoberta de gás na bacia de Rovuma iniciou-se maisuma luta de resistência para o povo Moçambicano, enfrentando gigantes como a Exxon, Shell, Anadarko, apoiadas pela França, Itália, China, Coreia do Sul, EUA e Europa, como também financiamento de bancos como o Banco da China; Crédit Agricole; BCP (Banco Comercial Português) com 250 milhões dos 15 biliões pedidos pela Anadarko que se propõe a construir a primeira fábrica e porto de exportação de GNL em Moçambique em 17.000 acres da costa.

A área é usada pelos locais para agricultura e pesca da qual depende a economia de proximidade que sustenta várias comunidades que assim vão ficar sem casas, terras e meios de subsistência. Vão ocupar muito poucos postos de trabalho e a vinda de trabalhadores de outras áreas de Moçambique e ouros países espalhará e aumentaráas doenças e inverterá o já limitado sistema de saúde e educação das comunidades.

Moçambique é neste momento o líder, mas outros países africanos estão a ser invadidos pela indústria do gás, o Gana é outro alvo da industria com o projecto Sanhofa Gas Project (SGP) no offshore. Os principais financiadores são os EUA, através do Banco Mundial, com 8 biliões de dólares, o maior investimento privado estrangeiro no sub Sahara nos últimos tempos.

A industria prepara a nova década em África, alem de Moçambique e Gana também a África do Sul é alvo da Total, que identifica o campo de Brulpadda como a melhor exploração de gás para a próxima década. Em 2019 a Total iniciou os trabalhos de exploração no mar profundo (Deep Sea), esperando perfurar 3 poços de exploração em 2020, ajudando a indústria a fazer de África o gigante do gás. Moçambique é o país usado para impulsionar o investimento no gás africano, um dos investidores o Export-Import Bank of the United States (EMIX) aprovou em 2019 um empréstimo de 5 biliões às empresas americanas de bens e serviços para o desenvolvimento e construção do projecto LNG Moçambique. Antes de passar pela consulta pública, estudo de impacte ambiental, o produto já tem contractos com compradores na Ásia e Europa, um sistema conhecido como Bank Rolling, uma roda económica onde o dinheiro volta ao investidor inicial com elevados juros, mais parte do lucro do produto final. A Exxon e a ENI e a Korean Gas Corp vão precisar de 30 biliões de dólares para desenvolver o seu projecto LNG, pretendendo exportar cerca de 15 mil toneladas de GNL por ano.

Mas outros países estão na corrida pelo lugar no pódio, como o Egipto que depois da descoberta do campo Zohr Gas Field, onde o protagonista é mais uma vez a ENI ao completar um teste de produção em 2019. Outro investimento que torna o Egipto atrativo, é da empresa SDX Energy pioneira no projecto de gás no delta do Nilo, anunciando em Janeiro de 2020 que as reservas aumentaram 35%. Como não fosse suficiente o Ministro do Petróleo e Recursos Minerais do Egipto anuncioua descoberta de um novo campo no Western Desert. Para levar o Egipto ao 1º lugar do pódio até 2030, o governo deu luz verde a empresas como Shell, Chevron, etc para explorar no offshore no Mar Vermelho.A procura continua nas águas entre o Senegal e a Mauritânia, onde se descobriu em 2019, uma área equivalente a ⅓ do Golfo do México rica em gás, mais de metade do volume nas águas do Senegal.
A Shell, Total, BP e Exxon junta-se também a Kosmos Energy, que esteve presente em Portugal. A Noruega em 2019 esteve representada pela empresa TGS, que esteve nas campanhas de leitura sísmica no offshore português, com resultados a revelar em 2020.

Foto 2015: Moçambicanos reúnem-se perto da cidade Pemba, para trocar histórias de ameaças, perda de território, para a industria de Gás

 

Educando África!

Na ultima conferencia Africa Oil Week (2019), que acontece à 25 anos e onde se encontram os investidores mais cotados, atraindo governos, petrolíferas internacionais, independentes, e provedores de serviços para conjugarem a direção futura do sector do petróleo e gás no continente, assegurando grandes contractos, uniões lucrativas e participar nas discussões de valores com os ministros da energia africanos, ficou lançado o plano até 2030.

Conhecida como: Africa Oil Week: At the Heart of African Oil & Gas, apresenta- se como o melhor lugar para descobrir oportunidades de negócio numa das mais promissoras regiões na terra para exploração de gás e petróleo.
As principais conclusões foram:

      • A descoberta no offshore de Brulpadda, África do Sul. Com perfurações desde 2014, apresenta dificuldades devido as condições do mar e vento, para muitos uma área impossível de trabalhar com métodos convencionais. A Total vai usar as recentes imagens 3D para iniciar a nova campanha de exploração em 2020.

      • O inicio do desenvolvimento em larga escala do LNG moçambicano, com investidores Indianos, US Export-Import Bank, e o Japanś Mitsui entre outros.

      • Senegal através da Bacia MSGBC, e do projecto Greater Ahmyim Tortue (/GTA) que prepara um futuro GNL para o País. A líder do projecto é a BP, que com os seus parceiros anunciaram o investimento no final de 2018, com a perspetiva de extração em 2022. A BP numa segunda fase anuncia uma parceria com a Kosmos Energy. As empresas calculam recuperar 15 triliões de pés cúbicos de gás. O processamento do gás será feito num barco e depois em estado líquido transportado para instalações perto da costa da Mauritânia e Senegal, que se espera exportar 2.5 milhões de toneladas de gás por ano. Foi o primeiro projecto na área a chegar ao FID (Final Investiment Decision), planeado para a exportação.


O painel de oradores de 2019 anuncia outros países africanos na rede do gás, Vão estar Ministros da Serra Leoa, Etiópia, Republica Democrática do Congo e mais uma vez a Etiópia. Para oradores de 2020 estão todos os países já falados, mais o Ruanda e Emma Wade-Smith OBE, Her Majestyś Trade Commissioner for África, Reino Unido.

Entre ospatrocinadores estão a: Chevron; ExxonMobil; Total; Shell; BP; Gabon Offshore (Gabão) liderados pela Tullow Oil

Europa na câmara de gás.

Neste Momento, o gás representa ¼ do consumo Energético, em aquecimento e produção de energia, do qual 70% e a subir é importado, acrescentando que muitos estados membros, como Portugal importa todo o seu gás, a Rússia é o importador de excelência, seguida pela Noruega e muitos atrás Líbia e Argélia, em 2019 os EUA tornou-se o 5º país a importar gás para a Europa, depois de autorizada a entrada de produtos derivados de hidrocarbonetos extraídos de forma não convencional como Tar Sands (Areias Betuminosas), tendo como principais produtores o Canadá e a Venezuela e Gás extraído pela técnica Fracking, anteriormente proibido na Europa. Até 2018, 89% do gás é importado por gasodutos e o restante por super metaneiros de GNL. Portugal tem realizado melhorias no Porto de Sines que permitiu a entrada do primeiro metaneiro em 2019. Metade do gás importado pela Rússia utiliza o gasoduto dos Balcãs que passa na Ucrânia, com as consequências conhecidas.

O menos utilizado, o gasoduto Nord Stream, concorrente do gasoduto dos Balcãs, com finalização planeada para 2021 vai duplicar o fornecimento de gás através do Mar Báltico, está em andamento pelo lado da Rússia, através da Gazprom, sendo a Alemanha o ponto de entrada do gasoduto na Europa. Os EUA reagiram impondo sanções aos países com empresas associadas à construção do gasoduto, acusando-as de aumentar a dependência europeia da Rússia que responde acusando os EUA de concorrência desleal ao levar os europeus a comprar gás americano mais caro que o russo. Seguindo os traçados de vários gasodutos planeados pelo mundo podemos ao mesmo tempo acompanhar guerras, revoltas civis, massacres.

A Máscara Verde

Nem tudo é negro e vermelho, a Europa também é verde, apresenta o gás como um fonte mais amiga do ambiente, e desenvolve e colabora em programas de combate às alterações climáticas, o capitalismo verde e mais uma vez, talvez não inocentemente, Moçambique encaixa no perfil para receber apoio na instalação do programa REDD+ (Redução de Emissões do Desmatamento, Degradação Florestal e aumento das reservas de carbono) assinado em Bali, na Convenção do Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, COP 13.

Um dos programas principais é o Forest Carbon Partnership Facility financiada pelo Banco Mundial, seguido pelo Programa Colaborativo das Nações Unidas sobre o REDD (UN-REDD) e para o qual Moçambique foi escolhido.

O principal argumento para impor o REDD é a afirmação de que será mais barato reduzir emissões ao controlar o desmatamento nos países do sul do que reduzir as emissões industriais nos países do Norte. A árvore de eleição escolhida como aceleradora do processo devido ao seu rápido crescimento é o Eucalipto, e vários milhares de hectares estão já ser negociados com o governo Moçambicano para a plantação de floresta de eucalipto para combater as alterações climáticas, que vem agravar mais a invasão de eucalipto iniciada pela Portucel (The Navigator) em 2009 ao constituir a Portucel Moçambique, que nesse mesmo ano adquiriu o Direito de Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT) de 170 mil hectares na província de Zambézia e de 180 mil da província de Manica.Em Dezembro de 2014, o grupo IFC, membro do Banco Mundial, adquiriu 20% do projecto. A Portucel Moçambique tem como missão desenvolver o maior projecto florestal integrado para madeira, pasta de papel e produção de plantas em viveiros e energia no país.

“Sou o que sou graças ao que somos todos nós” Filosofia Ubunto.

Autoria: Sawyer & Finn

Fontes:

https://www.hartenergy.com/news/halliburton-takes-22-billion-charge-fracking-185410

http://www.jornalmapa.pt/2016/10/21/europa-a-todo-o-gas-2/

https://www.euractiv.com/topics/midcat-pipeline/

https://revistacargo.pt/eua-encaram-sines-como-porto-de-entrada-de-gnl-na-europa-e-falam-em-projecto-entusiasmante/

https://www.ewynza.co.mz/home

https://foe.org/tag/mozambique/

https://www.africa-oilweek.com/Home

https://www.nord-stream.com/

https://no-redd.com/

https://medium.com/economic-policy/villagers-suffer-at-the-hands-of-mozambiques-lng-gas-development-e902b0a14c1b

https://issuu.com/justicaambiental/docs/ana_nuvngafinal/

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