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A União Europeia deveria fazer um embargo a todas as importações de petróleo e gás da Rússia de modo a parar de financiar a guerra de Putin na Ucrânia, dizem 25 ONGs europeias num apelo público aos líderes. A coligação exige também que o país de origem dos produtos petrolíferos seja exposto claramente nas bombas de combustível para assegurar que os consumidores não financiam inadvertidamente o regime de Putin.

Os países deveriam introduzir uma tarifa ou imposto sobre as exportações russas de combustíveis fósseis antes de um embargo total de importações de combustíveis fósseis da Rússia, afirmam os grupos. O petróleo é responsável por quatro em cada cinco dólares feitos assentes nas exportações russas de petróleo e gás, e têm sustentado as despesas militares de Putin desde há mais de duas décadas. Isto deve terminar, afirma a coligação de ONGs de Kiev a Lisboa.

“A guerra ilegal da Rússia contra a Ucrânia é devastadora para o povo do nosso país. Mísseis e bombas russas estão a matar centenas de defensores e civis ucranianos. Isto só se vai tornar pior,” disse Heorhiy Veremiychyk do Centro Ecológico Nacional da Ucrânia. “Precisamos de ação urgente para debilitar a capacidade do regime de Putin em financiar a guerra. A Rússia continua a receber pagamentos de governos europeus que inadvertidamente financiam a agressão da Rússia à Ucrânia. Isso deve terminar.”

“Importar crude russo alimenta os seus gastos militares”. O eixo vertical representa milhares de milhões de dólares ($). A linha a vermelho refere-se aos gastos da Rússia em despesa militar, sendo a linha azul relativa ao valor de importações de petróleo bruto (crude) russo para a U.E. a 27 e para o Reino Unido.

Até agora, o petróleo e o gás não foram incluídos nas sanções económicas, as quais apesar de necessárias, não estão a parar o avanço russo. Todos os dias países da UE continuam a transferir centenas de milhões de euros para o regime de Putin por petróleo e gás – valor estimado entre 80 mil milhões e 85 mil milhões de euros em 2022 – pagando para a sua guerra ilegal na Ucrânia. Dois terços das importações de petróleo russo são utilizadas nos transportes.

Congelar o comércio de combustível fóssil com a Rússia terá impactos nos preços da energia, afirma o grupo, mas a extraordinária agressão militar de Putin requer uma resposta extraordinária. Apelam aos governos que tomem medidas decisivas para proteger as famílias e as empresas dos impactos negativos da crise energética. Os países da AIE [Agência Internacional de Energia] que têm reservas de petróleo para emergências equivalentes a 90 dias [de consumo] deveriam utilizá-las para apoiar países com elevada exposição à Rússia.

William Todts, diretor executivo da ONG Transport & Environment [Transportes e Ambiente] disse: “Os rockets que destroem as cidades ucranianas são comprados com a gasolina dos carros europeus. Há 20 anos que temos estado a pagar dinheiro de sangue a Putin. Acabar com o nosso vício petrolífero não é somente um imperativo moral para enfrentar as alterações climáticas, é crucial para acabar com esta guerra.”

Em solidariedade com o povo ucraniano, os grupos exigem que a U.E. e o Reino Unido tomem as seguintes ações, pelo menos até a Rússia ter cessado as hostilidades na Ucrânia:

  1. Introduzir uma tarifa sobre as importações de combustível fóssil russo para a Europa, de forma a reduzir os lucros petrolíferos russos previamente ao fim completo da importação de combustível fóssil russo para a Europa, em linha com os objetivos climáticos e energéticos de Paris.
  2. Os condutores merecem saber se a sua bomba de combustível está a financiar a guerra de Putin na Ucrânia. Exigimos que empresas petrolíferas, retalhistas e postos de combustível divulguem qual a parcela de gasolina e gasóleo à venda com origem na Rússia. Pedimos aos governos a introdução de regras que assegurem que os retalhistas de combustível disponibilizam esta informação.
  3. Adotar urgentemente um plano de ação para reduzir o consumo de petróleo no curto prazo, pois mudar do petróleo russo para petróleo do Médio Oriente ou de outras fontes não é uma solução, não o é para o ambiente, não o é para os direitos humanos e não o é para a segurança energética. Potenciais medidas de transporte incluem manter níveis altos de teletrabalho e colaboração virtual para evitar viagens desnecessárias de carro e avião, reduções aos limites de velocidade, condução respeitadora do ambiente, restrições à condução, promoção do transporte pedestre, ciclável e público, e a organização de fins-de-semana livres de automóveis nas cidades. Tudo isto reduzirá a dependência de petróleo importado e reduzirá a pressão ascendente nos preços do petróleo.
  4. Estabelecer um novo objetivo de alcançar 50% de vendas de carros e carrinhas com bateria elétrica até 2025. As normas de CO2 da U.E. e do R.U. deverão ser antecipadas para ajudar a alcançar este objetivo. Metas especiais deverão ser estabelecidas para eletrificar veículos com alta quilometragem tais como carros de empresa, frotas, táxis e autocarros pois substituí-los por motores elétricos teria o maior impacto na procura petrolífera a curto prazo.
  5. Medidas para acelerar de forma radical e imediata a construção de energia eólica e solar e para acelerar medidas de eficiência energética, em particular a renovação de edifícios que também combate a pobreza energética.
  6. A U.E. e os seus Estados-membros deverão duplicar o investimento em poupança energética e investimentos respeitadores do ambiente como parte dos 723 mil milhões de euros dos fundos europeus de Recuperação e Resiliência.
  7. A Comissão deverá abandonar imediatamente a sua proposta de classificar o gás como “verde” na Taxonomia Europeia das Finanças Sustentáveis. A U.E. deverá também cancelar os seus planos para alterar o transporte para LNG [Gás Natural Liquefeito] pois isto aumentaria a nossa dependência de importações de gás.
  8. Enfrentando graves incertezas no fornecimento de produtos alimentares e de culturas forrageiras dos dois maiores fornecedores da U.E., a Rússia e a Ucrânia, a U.E. e os seus Estados-membros deverão suspender imediatamente o uso de comida e produtos de culturas forrageiras para biocombustíveis para assegurar a segurança alimentar e para evitar a inflação em larga escala de bens alimentares na Europa e fora da Europa.

Lê o apelo público completo


Signatários confirmados:

National Ecological Center of Ukraine (Ukraine)

Cittadini per l’Aria (Italy)

Legambiente (Italy)

Réseau Action Climat (France)

VCD (Germany)

Zero (Portugal)

Levego (Hungary)

VCÖ (Austria)

Green Transition Denmark (Denmark)

FPPE (Poland)

2Celsius (Romania)

BRAL (Belgium)

IEW (Belgium)

Transform Scotland (UK)

Aviation Environment Federation (UK)

Milieudefensie (Netherlands)

Campaign for Better Transport (UK)

Green Economy Institute (Poland)

Polish Ecological Club Mazovian Branch (Poland)

VšĮ “Žiedinė ekonomika (Poland)

PKE (Polish Ecological Club) (Poland)

WAS (Warsaw Smog Alert) (Poland)

INSPRO (Institute for Public Affairs) (Poland)

Eco Union (Spain)

DVI (Sustainable Development Initiatives) (Lithuania)

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