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Hoje, 5 de março, é Dia Mundial da Eficiência Energética
Conflito na Ucrânia deve estimular maior rapidez na eliminação progressiva dos combustíveis fósseis
Grande parte da população mundial está já enfraquecida pelos impactos das alterações climáticas, a pandemia da COVID-19 e as guerras em curso. O recente relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas dá uma imagem assustadora dos impactos que já estão a ser sentidos em todo o planeta e muito mais severos no Sul Global. Não queremos que outro conflito armado traga mais instabilidade e perda de vidas. Os combustíveis fósseis e os impactos das alterações climáticas exacerbam os conflitos, levando as pessoas mais vulneráveis a sofrer ainda mais. A guerra atual tornou também mais claro o quanto a Europa depende de combustíveis fósseis e, consequentemente, da necessidade progressiva da eliminação deste tipo de combustíveis. Para fazer isso, precisamos de uma transição rápida e justa do carvão, petróleo e gás reduzindo o consumo de energia, nomeadamente através da eficiência energética e da aposta nas energias renováveis. Este é o único caminho viável para reduzir rapidamente a dependência de Portugal e da União Europeia (UE) dos combustíveis fósseis, ao mesmo tempo que contribui de forma justa para atingir o objetivo do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura a 1,5°C. Porém, os países da Europa e a UE não o estão a fazer à velocidade necessária.
É preciso aumentar a ambição climática, garantindo a segurança energética, inclusive através do pacote legislativo climático e energético “Objetivo 55”. A sua integridade e ambição devem ser valorizadas e reforçadas. Esta é uma oportunidade preciosa de acertar no caminho. A UE e os seus membros precisam de acelerar urgentemente as ações para reduzir significativamente a procura de energia e alcançar um sistema energético totalmente renovável. Ao mesmo tempo, as medidas de curto prazo tomadas pelos países europeus e pela UE para enfrentar a crise energética não devem comprometer o caminho percorrido na ação climática, evitando por todos os meios a expansão da infraestrutura de combustíveis fósseis com efeito de aprisionamento e outras falsas soluções. Uma das respostas à instabilidade atual é apostarmos na transição energética que traga um futuro mais resiliente, pacífico e mais seguro para o clima, onde a ação política com o envolvimento das pessoas nos leve a consumir menos energia e que a mesma seja sustentável, renovável e acessível.
As sociedades com energia renovável acessível a todos não apenas ajudarão a enfrentar a crise climática, mas também garantirão a segurança energética, sendo o melhor seguro contra futuros aumentos dos preços da energia para proteger os mais vulneráveis.
Uma transição para um sistema de energia 100% renovável é também uma transição para sociedades mais pacíficas. Enquanto clamamos pela paz, tentamos manter o nosso trabalho de ação climática nestes tempos difíceis. Não há tempo a perder.
5 de março, Dia Mundial da Eficiência Energética
Estima-se que 80 milhões de pessoas em toda a UE lutem para aquecer as suas casas neste inverno, devido ao forte aumento dos preços do gás e da energia. Em Portugal, com um parque edificado obsoleto, em que 69,5% das habitações avaliadas tiveram uma classificação energética entre C e F (as classes de energia menos eficientes), 17,5% da população não tem possibilidade económica para aquecer a casa convenientemente. É, por isso, crucial reduzir a necessidade de energia através de melhorias na eficiência energética e assegurar a transição para aquecimento e refrigeração sustentáveis para combater as alterações climáticas. As camadas mais vulneráveis da nossa sociedade devem ser apoiadas neste abandono dos sistemas fósseis que têm alimentado a crise ambiental e a injustiça social.
São fundamentais três grandes medidas no que respeita ao setor da habitação:
- Abraçar a Poupança e a Suficiência Energética: A forma mais limpa e mais barata de energia é aquela que não utilizamos e precisamos que todos tenham a possibilidade de renovar as suas casas.
- Rejeitar soluções falsas: Substituir o aquecimento alimentado por combustíveis fósseis por energias renováveis; a tecnologia existe e a descarbonização do aquecimento e da refrigeração pode agora depender totalmente de tecnologias já bem testadas, renováveis, sustentáveis e sem emissões.
- Proteger os consumidores vulneráveis: Desviar os subsídios dos combustíveis fósseis para soluções de energias renováveis; apesar da sua maturidade, competitividade e potencial abundante, as barreiras que impedem milhões de lares de beneficiar das tecnologias de aquecimento e arrefecimento renováveis continuam a ser demasiado elevadas.
A ZERO reforça que o futuro governo deve aprovar com a maior urgência uma Estratégia de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética e promover uma rápida transição para usarmos fontes renováveis para conseguirmos melhorar o conforto nas habitações. Francisco Ferreira, Presidente da ZERO, reforça: “Já temos programas de apoio a edifícios mais sustentáveis que são necessários otimizar e é necessário operacionalizarmos a transição para equipamentos que não continuem a recorrer ao uso do gás, mas usem de forma eficiente a eletricidade de origem renovável.”
A ZERO é apoiada pela European Climate Foundation (ECF) num projeto relacionado com a eficiência energética nos edifícios. O projeto tem como objetivo a monitorização a nível nacional da Diretiva de Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD, em inglês) e combate à pobreza energética. Numa ótica de eficiência energética, é urgente integrar os princípios de racionalização de energia nos edifícios novos e nos que necessitam de obras de reabilitação, para evitar que os consumos energéticos aumentem drasticamente. A poupança energética é um primeiro passo importante e um uso eficaz da energia pode melhorar as condições de conforto das nossas casas.
Agência Internacional de Energia dá receita para a Europa
Numa nota de imprensa de há dois dias (https://www.iea.org/news/how-europe-can-cut-natural-gas-imports-from-russia-significantly-within-a-year), a Agência Internacional de Energia identifica um conjunto de pontos alinhados com o apelo da ZERO no que respeita ao corte da importação de gás russo:
- Não assinar nenhum novo contrato de fornecimento de gás com a Rússia.
- Acelerar a implantação de novos projetos eólicos e solares
- Decretar medidas fiscais de curto prazo sobre lucros inesperados para proteger consumidores de eletricidade vulneráveis de preços altos
- Acelerar a substituição de caldeiras a gás por bombas de calor
- Acelerar as melhorias de eficiência energética em edifícios e indústria
- Incentivar uma redução temporária do termostato de 1°C pelos consumidores
- Intensificar os esforços para diversificar e descarbonizar as fontes de flexibilidade do sistema de energia.