A campanha Diz Não ao Gás! em Moçambique (“Say No to Gas! in Mozambique” em inglês) tem como objectivo pôr fim à indústria do gás em Moçambique e em todo o mundo. Actualmente focamo-nos na região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, no que ficou conhecido como o local da “corrida do gás”, onde triliões de pés cúbicos de gás foram descobertos em 2006, e que é parte de uma indústria que está a espalhar os seus tentáculos por Moçambique afora.
A indústria está a ser liderada por gigantes multinacionais como a Total, a ExxonMobil e a Eni, com financiamento de bancos privados e estatais e de agências de crédito à exportação em conjunto, originários de pelo menos 20 países. Somos uma equipa de parceiros internacionais numa campanha global contra esta exploração de gás devastadora, cada um lutando contra os responsáveis desta indústria nos nossos respectivos países.
Mais informações: https://stopmozgas.org/pt/
*
A campanha aborda a luta de vários ângulos. Localmente, trabalhamos de perto com membros da comunidade no terreno, com os quais temos relações de confiança mútua, em áreas que estão a ser afectadas pela indústria, através de visitas regulares e comunicação constante, para recolher informações e reforçar a resistência com a nossa investigação.
Construímos constantemente sobre uma base de investigação e conhecimento, onde os parceiros podem partilhar a investigação com outros activistas, jornalistas, académicos, os media e o público.
Concentramo-nos em compreender as ligações entre os muitos projectos de gás, as indústrias externas que criaram e os efeitos destrutivos sobre as comunidades para mostrar os impactos mais amplos da extracção do gás em Moçambique.
Estamos a trabalhar num contexto difícil e complicado. A exploração do gás no norte de Moçambique ainda não começou, mas os impactos já são visíveis. As comunidades estão a ser retiradas à força, as terras estão a ser usurpadas, e os meios de subsistência e o meio ambiente estão a ser destruídos. A maioria dos impactos são discretamente relegados para o canto das externalidades económicas e convenientemente ignorados. Mas mesmo quando os impactos nas comunidades e na ecologia local são considerados, por exemplo nas avaliações de impacto ambiental (AIAs), estes são notórios por criarem divisões e também por serem optimistas a favor das empresas, uma vez que mesmo as “consultas” com as comunidades têm lugar na presença de funcionários governamentais não confiáveis, dividindo cada projecto na sua própria bolha diferente, sem considerar as ligações e especialmente ignorando os impactos cumulativos.
As comunidades piscatórias já não podem pescar nas suas áreas e estão a ser movimentadas a muitos quilómetros da costa; as comunidades agrícolas estão separadas das suas terras agrícolas, compensadas com pequenas porções de terra, que muitas vezes é inutilizável; e as emissões de carbono serão massivas, o que as empresas já admitiram. Isto é desastroso, pois irá aumentar o risco de catástrofes naturais num país já afectado pelas mudanças climáticas, sendo a consequência mais recente o ciclone Idaï, que deixou 700 mortos, milhares de desaparecidos e afectou quase 2 milhões de pessoas em Moçambique, no Zimbabué e no Malawi.
Um país em desenvolvimento pobre, como Moçambique, carece de infra-estruturas. Assim, antes da perfuração, as empresas já estão a iniciar a construção de estradas, portos e cais, criando elas próprias a necessidade de fábricas de cimento, pedreiras, locais de detonação de rochas e trabalhadores migrantes. Ataques às comunidades da região, que muitos acreditam estar directamente ligados à indústria do gás, abriram as portas à segurança privada estrangeira e às empresas de armamento.
A campanha Diz Não ao Gás! é crucial na luta pela justiça climática e energética local e internacional.
Mais informações: https://stopmozgas.org/pt/
Say No to Gas! in Mozambique campaign
The industry is being led by multinational giants like Total, ExxonMobil and Eni, with financing from private and state banks, and export credit agencies, together originating from at least 20 countries. We are a team of international partners on a global campaign against this devastating gas exploitation, each fighting the culprits in this industry in our own countries.
More information: https://stopmozgas.org/
*
The campaign approaches the struggle from several angles. Locally, we work closely with community members on the ground, with whom we have mutually trusting relationships, in areas which are being affected by the industry, through regular visits and constant communication, to gather information and to strengthen resistance with our research.
We constantly build up on a research and knowledge base, where partners can share research with other activists, journalists, academics, media and the public.
We focus on understanding the linkages between the many gas projects, the external industries they have created and the destructive effects on communities to show the broader impacts of gas extraction in Mozambique.
We are working in a difficult and complicated context. The gas exploitation in northern Mozambique has not started yet, but the impacts are already visible. Communities are being forcefully removed, land is being grabbed and livelihoods and the environment are being destroyed. Most impacts are quietly relegated to the corner of economic externalities and conveniently ignored. But even when impacts on communities and local ecology is considered, for example in environmental impact assessments (EIAs), these are notorious for creating division and also being optimistic in favour of the companies, as even ‘consultations’ with communities take place in the presence of untrusted government officials, dividing each project into its own different bubble, without considering the linkages and especially ignoring the cumulative impacts.
Already fishing communities can no longer fish in their areas and are being moved many kilometres from the coast; farming communities are separated from their agricultural land, compensated with tiny portions of land, which is often inarable; and carbon emissions will be massive, which the companies have already admitted to. This is disastrous, as it will increase the risk of natural disasters in a country already affected by climate change, with the most recent consequence being Cyclone Idai which has left 700 people dead, thousands missing and affected almost 2 million people in Mozambique, Zimbabwe and Malawi.
A poor developing country such as Mozambique is lacking in infrastructure. So before drilling takes place, companies are already beginning the construction of roads, ports and jetties, themselves creating the need for cement factories, stone quarries, rock blasting sites, and migrant workers. Attacks on communities in the region, which many believe are directly linked to the gas industry, have opened the door for foreign private security and arms companies.
The Say No to Gas! Campaign is crucial in the fight for local and international climate and energy justice.
More information: https://stopmozgas.org/